terça-feira, abril 03, 2012

Portal Scielo - Livros Eletrônicos

SciELO Brasil lança portal de livros eletrônicos



03/04/2012


Por Elton Alisson


Agência FAPESP – Foi lançado em 30 de março, durante evento na Universidade Estadual Paulista (Unesp), em São Paulo, o portal SciELO Livros.


Integrante do programa Scientific Eletronic Library Online SciELO Brasil – resultado de um projeto financiado pela FAPESP em parceria com o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme) –, o portal visa à publicação on-line de coleções de livros de caráter científico editados, prioritariamente, por instituições acadêmicas.


A iniciativa pretende aumentar a visibilidade, o acesso, o uso e o impacto de pesquisas, ensaios e estudos realizados, principalmente, na área de humanas, cuja maior parte da produção acadêmica é publicada na forma de livros.


“Uma porcentagem significativa de citações que os periódicos SciELO fazem, principalmente na área de humanas, está em livros. E como um dos objetivos da coleção SciELO é interligar as citações entre periódicos, a ideia é também fazer isso com livros”, disse Abel Packer, membro da coordenação do programa SciELO, à Agência FAPESP.


De acordo com Packer, a ideia do projeto foi sugerida em 2007 pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e foi iniciado em 2009 sob a liderança e financiamento de um grupo formado pelas editoras da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Fiocruz.


O desenvolvimento da plataforma metodológica e tecnológica contou com a cooperação da Bireme, e a execução do projeto teve apoio institucional e de infraestrutura da Fundação de Apoio à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).


Inicialmente, o portal reunirá cerca de 200 títulos, distribuídos mais ou menos igualmente entre as editoras das três universidades. A partir do lançamento, a expectativa é que a coleção possa contar com a adesão de outras editoras acadêmicas.

Para integrar o portal, as editoras e as obras são selecionadas de acordo com padrões de controle de qualidade aplicados por um comitê científico e os textos são formatados de acordo com padrões internacionais que permitem o controle de acesso e de citações.


As publicações poderão ser lidas por meio de plataformas de e-books, tablets, smartphones ou na tela de qualquer computador, acessadas diretamente do portal ou de buscadores na internet, como o Google, e também serão publicadas em portais internacionais.


“A ideia é contribuir para desenvolver infraestrutura e capacidade nacional na produção de livros em formato digital e on-line, seguindo sempre o estado da arte internacional”, explicou Packer.


Segundo ele, a plataforma metodológica e tecnológica desenvolvida para publicação de livros eletrônicos para a coleção da SciELO Brasil deverá ser utilizada por outros países que formam a rede SciELO para publicar suas coleções nacionais, com gestão autônoma.


Venda de livros


Além das obras com acesso aberto e gratuito, o portal SciELO Livros também possui uma área na qual será possível ao usuário comprar obras das editoras integrantes do projeto no formato e-book.


“A venda deverá ser uma das fontes de recursos financeiros previstos na operação autosustentável do portal. Isso representa uma novidade para o SciELO, que tem acesso totalmente aberto para os seus periódicos. Entretanto, o número de livros em acesso aberto deverá predominar”, disse Packer.


Segundo ele, a meta inicial é publicar entre 300 a 500 títulos por ano no portal. Entretanto, esse número de publicações dependerá da reação das editoras e do público.


“Se o projeto tiver um sucesso semelhante ao do SciELO Periódicos, o desenvolvimento do portal poderá ser mais rápido, e ele deverá contar com muito mais livros”, estimou.


Criada em 2007, o SciELO Brasil é, segundo o Ranking Web of World Repositories, conhecido como Webometrics, o líder mundial entre os maiores portais de informação científica em acesso aberto e gratuito no mundo.


Em 2011, de acordo com Packer, a coleção SciELO Brasil teve uma média diária de 1,2 milhão de downloads de artigos. Seu modelo de publicações de periódicos é adotado hoje por diversos países e forma uma rede de coleções nacionais.


Os países com coleções certificadas estendem-se pela América Latina, como Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, México e Venezuela, e Europa (Espanha e Portugal). A coleção da África do Sul está prevista para ser qualificada e certificada em 2012.


A expectativa é que esses países também venham adotar o modelo SciELO de publicação de livros em formato digital.


SciELO Livros: http://books.scielo.org  

A Hora do Planeta (The Earth Hour) - Entrevista

A Hora do Planeta
Disponível em: http://miriammorganuns.blogspot.com.br/ (postagem em: 31 de março de 2012)
Também pode ser acessado em: http://www.fernandosantiago.com.br/horaplaneta.htm.

ENTREVISTA

Muito bom dia. É um prazer recebê-lo aqui para conversarmos sobre meio ambiente, e, em especial, sobre A Hora do Planeta.

Miriam Santiago: Fernando você que é Biólogo, músico amador, pesquisador de Botânica, mestre em História da Ciência e doutor em Educação, como você avalia o ato simbólico A Hora do Planeta – Earth Hour -, que será realizado neste sábado?
Fernando Santiago dos Santos: Como você mesma disse, é um ato simbólico. A crescente onda de conscientização ecológica pressupõe que as ações locais devam influenciar o mundo globalmente – o famoso mote da Educação Ambiental, “Pense globalmente. Aja localmente”. A sociedade, de forma geral, identifica os símbolos como ferramentas úteis para alcançar pessoas que não conhecem determinado assunto ou não estão totalmente conscientes de sua importância. Então, neste raciocínio, penso que o ato simbólico da “Hora do Planeta” tem sua função socioambiental definida como positiva.

Miriam Santiago: Como foi criado este ato simbólico? Você acredita que a energia economizada no período de uma hora, tempo do ato, traz alguma melhoria ao Planeta?
Fernando Santiago dos Santos: É uma iniciativa mundial da Rede WWF, conhecida como uma das maiores ONGs de ação ambiental, para enfrentar as mudanças climáticas. A economia de energia elétrica em uma hora, no mundo, é relativamente pequena comparada com a demanda energética atual. Como o ato é simbólico, creio que o intuito não é, de fato, realizar a economia, mas conscientizar as pessoas de que é possível economizar, no dia a dia (e não somente em uma hora por ano), com pequenas ações. A crise energética é global e nosso país está inserido nestas discussões. O que muitos não sabem – e está aqui a razão deste ato simbólico – é que o consumo energético está atrelado à emissão de gases de efeito estufa, principalmente em países em que a geração de energia elétrica é resultado de queima de carvão.

Miriam Santiago: Como você avalia a participação das pessoas, empresas, comunidade e governos neste ato? A participação é grande?
Fernando Santiago dos Santos: Bem, esta pergunta é um pouco difícil de ser respondida. Se você consultar o sítio eletrônico da WWF (http://www.wwf.org.br/), verá que há um destaque para a “Hora do Planeta”, onde são apontadas algumas estatísticas e informações sobre este ato. Não podemos dizer que a adesão é maciça. Em países onde já há, tradicionalmente, uma postura voltada ao que se define como sendo ‘ambientalmente correta’, podemos afirmar que talvez a adesão individual, corporativa e de Estado à iniciativa da WWF alcance proporções mais amplas quando comparada à adesão em países em que a cultura de consciência ambiental ainda é muito pequena ou quase nula. O Brasil demorou muito para acordar para as questões ambientais, e ainda estamos muito aquém do que poderíamos chamar de uma ‘consciência ecológica’ nacional, mas a cada ano noto mais e mais pessoas comentando o ato simbólico. Neste ponto, creio que a Internet, as redes sociais e todas as outras ferramentas tecnológicas afins são extremamente importantes na disseminação das informações sobre “A hora do planeta”. A mídia televisiva deveria, em meu entender, dar mais ênfase, já que ainda é o tipo de veículo de informação mais acessado em países como o Brasil.

Miriam Santiago: A sigla é globalmente conhecida como Earth Hour, mas os Estados Unidos são os maiores consumidores do planeta. Como você avalia essa questão?
Fernando Santiago dos Santos: A sigla em inglês é apenas uma convenção uma vez que é a língua “internacional” aceita pela maior parte dos países. Não poderíamos colocar a sigla em mandarim, em russo ou alemão, por exemplo, pois isto causaria grandes problemas ao ser distribuída para o mundo. Quanto à questão de os EUA serem, talvez, o país mais consumista do mundo, creio que devemos analisar a questão com certa clareza. O consumo é verdadeiramente o que move a nação norteamericana, mas se pensarmos nos países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), só para contextualizarmos a pergunta, vamos notar que o consumo nesse bloco econômico é cada vez maior e mais agressivo. Não vejo um paradoxo entre disseminarmos a sigla em inglês e associarmos isto aos EUA – até porque outros países do mundo têm a língua inglesa como língua-mãe (Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido e Canadá, por exemplo).

Miriam Santiago: Em sua opinião, quais outros atos você acredita serem mais eficazes para conscientizar a população sobre o aquecimento global?
Fernando Santiago dos Santos: Esta é a pergunta mais difícil da entrevista. Eu creio no mote do ‘pensar globalmente e agir localmente’. Não há sentido em arrumar um país todo se cada município, cada rua e cada residência não der conta de solucionar seus próprios problemas. Creio que a consciência global seja uma coisa mais filosófica que prática. As ações têm de ser locais – somente pela mudança pontual e geograficamente localizada é que se consegue atingir mudanças mais amplas. Há diversos atos que esporadicamente são incentivados por ONGs ambientalistas em municípios brasileiros, como corridas pelo meio ambiente, passeios de bicicleta e caminhadas ecológicas, plantio de mudas de plantas nativas, entre outros. Estas coisas são importantes pois mobilizam a consciência local, essencial para se avançar na tentativa de se delimitar uma ‘consciência global’.

Miriam Santiago: Aproveitando a oportunidade, conte-nos um pouco sobre seu trabalho, suas publicações na área, seus cursos, palestras.
Fernando Santiago dos Santos: Eu trabalho com educação formal desde 1987 e com educação informal e não formal (museus, unidades de conservação, exposições etc.) há pelo menos 15 anos. Já ministrei minicursos, workshops, oficinas e palestras em diversos espaços (universidades, empresas e escolas) versando sobre educação, biologia, história da ciência e meio ambiente – áreas que refletem minha formação eclética (graduação em Ciências Biológicas na Unicamp, mestrado em História da Ciência na PUC-SP e doutorado em Educação na USP). Meu currículo está disponível no link: http://lattes.cnpq.br/2271811478179514. Algumas publicações podem ser conferidas em: http://www.fernandosantiago.com.br/artigos.htm.

Miriam Santiago: Fernando, deixe seus contatos para que as pessoas possam acompanhar seu esforço e dedicação em prol do meio ambiente.
Fernando Santiago dos Santos: Meus e-mails pessoais são: fernandosrq@gmail.com  e fernando.autor@yahoo.com.br. Eu tenho uma homepage particular (www.fernandosantiago.com.br) e este blog onde posto alguns pensamentos e materiais de outras pessoas (http://www.fernandosantiago.blogspot.com.br/).

Miriam Santiago: Fernando, agradeço por sua participação neste dia especial, voltado à conscientização mundial do planeta. Desejo muito sucesso a você.
Fernando Santiago dos Santos: Foi um prazer.